quarta-feira, 30 de maio de 2012

Maio







Vontade de tomar um banho gelado, e entrar de cabeça, pra expulsar os demônios junto com toda a sujeira... Vontade de escovar os dentes até limpar minha boca de todas as mentiras que a sociedade me obriga a dizer... Eu não sou o meu nome, eu não sou um número!
Está tarde e está frio, mas não se trata apenas do tempo, é algum calor que eu perdi, que todos perdem, eu disse TODOS, depois dos seus 20 anos... Está tarde, e eu não tenho vontade de acordar cedo...
Bebo um copo de água, para ver se o gosto ruim sai de minha garganta, mas esse desgosto está em tudo que eu como, em tudo que eu consumo, em tudo que eu engulo... Eu tenho sono, estou exausta, mas não consigo dormir... Aposto que se você é adulto, também sabe o que é isso.
Pego a caneta e escrevo como se eu  nunca fosse acabar, como se essas palavras pudessem ser um vômito... Cada palavra é uma tempestade que se anuncia. Eu sou mais um sem paciência, mais um desconfiado, mais um que é meio arrogante, que não consegue deixar de achar que é ou de querer ser especial. E como se fosse um dilúvio, esse mês sempre atravessa carregado; estamos trancados no meio do ano, vendo as promessas do início quebrarem...
Estou viajando, estou sempre viajando... O problema é velho e você também conhece: estamos sempre querendo coisas demais! Hoje eu quero coragem, alegria, determinação, amor... Estou querendo até que desabe uma guerra! Algo que exploda, que arrebate! Mas o que é novidade nisso que eu falei?
Ando querendo coisas demais, ando viajando demais, e não tenho vontade de acordar tão cedo. No mais, o sofrimento é a melhor matéria prima. E a solidão não é tão solidão, quando percebemos que, de certa forma, dividimos ela com todo o mundo.




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