Os estúpidos esperam ser importantes, e eu espero ser logo corrompida, já que herdei tanta incompetência.
Os segundos passam com dificuldade; não sei escandalizar.
Sei que um dia acabarei com a vida antes do fim.
Aquele deus deixa crianças como nós morrerem de fome, e eu não creio neste tipo de amor.
Tudo o que eu sinto é tanto desprezo...
Ainda desejam que eu mostre os dentes como se fosse um cavalo, pronto para ser comprado. Mas me sinto um porco, pronto para ser abatido!
Meu sentimento é humano como um revólver, e é um instinto homicida, suicida.
"Tic" nervoso com a caneta, o assombro de si para si, o medo do espelho... Penso com amor apenas nas pessoas sôfregas, nas que matam ou morrem, que choram desesperadamente ou que são apedrejadas. Quero ser uma delas, pois estas que morrem de verdade e sabem o que é viver.
Do outro lado está minha repugnância por essas pessoas tão felizes, que apenas ostentam fantasias. Elas não sentem dor e isso é estranho. Quero cortar-lhes as gargantas.
Tenho fascínio pela alucinação, porque dela saem verdades, o mel e o fel de uma pessoa. Revela que somos corpos sem alma e que somos cruéis.
Desejo ser um louco, um corpo de lama e nada mais. Quero ser ruim como sei que tenho potencial.
Meu sentimento é humano como um revólver.
"Quero que vocês todos se danem, seus putos, se vocês estão do lado do bem, então eu fico muito contente de estar do outro lado."
-- Trechos do livro A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.
"Mas o que faço, faço poque gosto!" muito bom!
ResponderExcluirExiste uma diferença muito grande entre fazer o que quer, mas não desejar, e fazer o que deseja, mas não querer.
Parece Deri, a mesma coisa, mas não é! não visto a luz do contexto social. "Querer" nem sempre é o indivíduo que verdadeiramente opta.
Esta observação já seria uma opção de análise e argumento...
é, acho que é tbm isso que o autor de a laranja mecânica quer passar com a obra. A palavra INDIVIDUALIDADE resume isso tudo aí.
ResponderExcluir