domingo, 29 de abril de 2012

Sensorial



Olhos escuros... sombrios... aquele brilho apagado,
Aquela juventude cansada, mas cheia de instinto e impulso...
O que é que me atrai? O complemento do que eu sou?
Aquele gesto rude que sempre conta uma história...
Aquela coragem de ser real...
Aquele brilho apagado nos olhos, 
Que existe no olhar de todas as minhas paixões...
Por que continuo querendo o que não posso ter?
Por que eu continuo querendo demais, 
Mesmo sabendo que é demais?
O que sinto no primeiro momento dura, e é real,
Não é algo que se sente com o passar do tempo. 
Quando amo, é sempre desde o começo,
Como algo que estala, uma luz que acende 
E fica acesa para sempre,
Mesmo que ninguém entre nequela sala nunca.
O primeiro olho no olho é a única coisa necessária para que eu tenha certeza que uma luz se acendeu.



quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Mas sei 
Que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente.

A esperança 
dança
Na corda bamba de sombrinha,
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar...

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar."

-- João Bosco e Aldir Blanc


segunda-feira, 16 de abril de 2012

...E nesse caos, onde estão meus sentimentos?



Onde está a chave que abre a porta
Dos teus segredos e pensamentos?
Ando te perseguindo e você nem nota,
Você nem liga para o que eu acho,
Você não sabe o que eu sou.
Ando tentando me encontrar,
E ter as chaves das portas 
Dos meus próprios segredos e pensamentos,
Porque também não sei nada de mim...
A quem estou tentando satisfazer
Confundindo realidades,
Motivando com silêncio a cumplicidade,
Aceitando o rei sem fazer reverência,
Sendo escravidão e logo mais, ausência?
A quem estou tentando satisfazer?!
Tudo pode ser mentira,
Mas o que define a verdade,
Além da capacidade de crer?

...

Falta

Falta algo em mim.
É desconfortável...
A felicidade é assim, meio desagradável,
Com toda essa alegria, todo esse calor...
Não sei, mas parece mais natural sentir dor.
É tão mais sutil a tristeza e a solidão...
É tão estranha essa sensação 
De querer fugir do mundo
E logo ao próximo segundo
Ter medo de estar sozinho!
Não sei trilhar esse caminho
Onde tudo não é nada,
Onde todos são ninguém!
A eternidade não me atrai,
Tranquilidade não convém.
Vou aprender a voar,
Vou preencher os vazios,
Vou me atirar em alto mar
No dia que fizer mais frio!
Felicidade não é para nós
Que cultuamos o que é perigoso
E que gostamos do nosso veneno.
Afinal, a cura de um vício é outro.




quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Marcha Gritante das Horas

Que a poesia traga a dor!
Que a palavra venha carregada poeticamente!
Que os sons desprendam da mente
Todo o sofrimento e o pensamento de rancor!
Que o frio do sentimento seja esclarecedor
E a morte seja apenas mais um fim.
Não há definição definitiva para o amor,
Não existe amor morando em mim...


O mar é a porta da minha pátria
Com castelos de areia e bonecos de neve,
Com castelos de neve e bonecos de areia...
Tudo sujeito a um tempo tão breve...
Portanto, que a poesia traga a dor!
Venha sangrenta em cada pedaço de momento,
Porque na dor somos todos iguais,
Apenas pétalas largadas ao vento.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Um Retrato de Família



Contrato de afeto
Não serve de abrigo,
A própria casa
É a do inimigo.
Essa certeza é um presídio!
E esse costume é insano!

O mundo é profano;
O amor é tirano;
O horror é mundano;
O erro é humano.

Perfeição desfeita,
Que a segurança é falsa.
O medo toma conta
Dos retalhos da minha alma.
E a certeza é mesmo um presídio!
E o dever é mesmo uma faca!

Cortes no concreto ferimento que cimenta a alma,
Cortes futuros nos pulsos do animal na jaula...
Ninguém se importa com isso,
Cada um morre em seu próprio vício.






Ressaca


Meus cabelos fracos, opacos
São levados embriagados pelo vento,
Sonho com ela nua na Lua,
Vivendo nas ruas de outros tempos...
É quase inquebrável o feitiço do vício
No ciclo de uma noite com sabor de ócio,
Porque todo o tormento é pouco
Para ser engolido num copo.
Não durma não, minha Tristessa,
Pois são os teus olhos que eu quero ver
Quando num poço de pura tristeza
Eu comece a me entorpecer.
Sou triste porque a vida é dolorosa;
Você bebe e se dopa e nem sabe o porquê...
Nós dois doidos, dançamos em esquinas perigosas;
Quando estou bêbado, só não esqueço você...
Os Budas e as Virgens Marias são mudos
Como os bichos, como os lixos deste quarto!
A gente até já se acostumou com esses efeitos,
E eu sou teu, assim como essa dor é fato.


(Inspirado no livro Tristessa, de Jack Kerouac) 





quarta-feira, 4 de abril de 2012

Insônia Insana


Pintei as unhas de vermelho.
É meia noite...
Cortei de novo o meu cabelo,
É lua cheia.
Não penso em nada já faz uma hora e meia;
Sonhei contigo me levando prum açoite...
É meia noite, é lua cheia, é meia noite...
Nada me prende ou apavora;
Não quero jogar conversa fora,
Mas é tão ruim ficar sozinho!
Estou tentando relaxar,
Estou tentando suportar mais um pouquinho
Até chegar a minha hora.
Eu quero ir embora!
Mas me perdi no caminho...
Estou tentando raciocinar,
Estou tentando suportar mais um pouquinho.


Porém tudo é muito pouco,
Quero mais...
Passo um lápis nos meus olhos;
É meio dia,
Ainda não estou com fome.
É meio estranho...
Passo o lápis no teu telefone,
Esqueci o significado do teu nome...
Imagino minha morte num açoite...
É meia noite, é lua cheia, é meia noite.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Meus Planos Na Tua Rua


O estômago não suporta mais
Esse hábito de engolir sapos,
A cabeça não consegue mais raciocinar,
A rua parece um filme mudo...
Enquanto assisto, sinto um gosto amargo,
Planejando socorrer ou suicidar.
Do que eles estão falando?!
Será que é mesmo necessário
Que eu exista e que eu ocupe este lugar?
O que eles estão pensando?!
Meu corpo inteiro é um cenário,
Mas não sigo a lei de morrer ou matar!
(Sobrevivo sem atacar).
Quando eu era uma criança
O medo já morava ali
E ainda é ele que diz quando devo parar...
Acho que estou passando mal
Atravessando a rua em guerra,
Planejando socorrer ou suicidar.




"Como a alma entra nessa história?

Afinal, o amor é tão carnal..." 


-- Zeca Baleiro.






E tanto que te olho
Que te devoro com os olhos.
Você também me olha,
Mas será que me devora?
Será que irá me devorar?


E tanto que te quero,
Vampiro doce dos olhos azuis,
Esse teu olhar tanto me seduz!
Esse olhar que vem em mim passear,
Será que vem me devorar?


Criatura doce de olhos azuis...
Olhos que afogam como um mar...
Tanto te quero, meu anjo de luz,
E quero tanto fazê-lo me amar!
Será que quer me devorar?



O Preço do Altar

Ele está além da dor que aparenta
E o que sente tem um fundamento vão,
Como um passo decisivo nunca dado
Ou como fruto dado em outra estação.


Chega a hora em que os sentidos se perdem
E os fatos sem sentido se relacionam,
Então surge um talento cruel do acaso,
Usado em farsas que funcionam.


E tudo é apenas para expor o peso
De que no fundo o sentimento é outro
E o que queremos não é o que pensamos querer,
Num fato exato e de motivos loucos.


Tudo é mais caro quando analisamos o valor
De cada dor que suportamos para pagar
Aquilo que pouco serve para substituir
O que não é possível comprar.


Ele está além da dor que aparenta
E tudo o que tem para servir é pouco,
Superando, com esforço, os limites de si mesmo,
Enquanto o mundo quer servi-lo morto.